Enquanto em Portugal as entrevistas aos políticos começarem com coisas como: «quando se olha para si tem mais pinta de CDS-PP do que de socialista», é inútil dicutir o que quer que seja.
Enquanto em Portugal as entrevistas aos políticos começarem com coisas como: «quando se olha para si tem mais pinta de CDS-PP do que de socialista», é inútil dicutir o que quer que seja.
Desafia-me o Stran a ir aos baús velhos da discussão do aborto para lhe dizer por que o acho imoral.
- Um momento
ou seja a minha avó a pegar em mim como se fosse um coelho e não dei pela pancada na nuca nem pelo alguidar aos seus pés, dei pela palma que me afagava o lombo avaliando-me a carne, interessei-me
- Não ando magro senhora?
e a minha avó sem responder a pegar-me nas orelhas, a erguer-me no ar e quando o meu avô
- Depressa
a abrir-me de um golpe desde o pescoço à barriga
(retirado daquele livro ali ao lado)
A entrevista de Pedro Passos Coelho (PPC) ao Diário de Notícias é notável a todos os níveis. O motivo é simples: mostra o grau de mestria do jovem no jogo político.
Com esta entrevista, PPC consegue encostar a direcção à parede. Em primeiro lugar, trata do assunto com uma distância e indiferença ensaiadas q.b. Não se mostra desesperado por um lugar no hemicíclo, mas também não mostra repugnância. Sabemos já qual é a vontade. Em segundo lugar, para obter isso, faz o jogo da inocência e bondade: «Há um ano disse que, se fosse eleito presidente do PSD, convidaria os meus adversários para as listas.» Por último, apresenta-se como o grande injector de confiança e o grande mobilizador do partido, afirmando que repetiria a exigência de vitória nas Europeias e que, nas legislativas, a fasquia deve ser ainda mais elevada: a maioria absoluta.
Já afirmei que gostaria de ver PPC no Parlamento. Não é por uma questão de facções e tudo mais: penso que é preciso haver deputados independentes. Ao contrário de JPP, penso que Alegre deveria ir para o Parlamento também. Se os deputados servem apenas para anuir às decisões centrais, é inútil que sejam tantos. Bastaria um de cada partido com voto proporcional à percentagem obtida nas eleições. Ainda assim, é curioso ver como PPC, com uma certa imagem calma e despreocupada sobre o assunto, consegue deixar a direcção de mãos e pés atados.
(não sei o que sou. se sou filho, se pai, se luz se treva, se nada. sei apenas e só que por encantamento desconhecido me encolho, fico pequenino, partícula de pó, ao pé disto. vergonha infinita. e vozes dizem-me que a secura se finda com papel e caneta, com velho e antigo, com passado. e então experimento: papel, caneta cheia de tinta, papel, suspiro, tecto. e paro no tecto. vejo-lhe cada fenda, acidente, história. nada. a secura não se finda nem ontem nem hoje. com sorte amanhã ou nem isso. regas-me, pergunto.) ¤
«Os homossexuais podem doar sangue? O Ministério da Saúde diz que não. ‘Grupos de risco’ são, como o nome indica, um risco para pessoas saudáveis. Esta falácia grotesca é rapidamente desmontada com uma questão simples: é mais perigoso para a saúde de terceiros o sangue de um heterossexual promíscuo e temerário ou de um homossexual fiel e prudente?
A pergunta responde--se a si própria. Independentemente da orientação sexual, cada vida transporta uma história diferente. E seria aconselhável que os serviços de saúde soubessem distinguir ‘grupos’ de ‘indivíduos’; e, dentro destes, identificar aqueles que oferecem ‘risco’ pelos seus ‘comportamentos’. Enfiar grupos inteiros no mesmo gueto não passa de uma forma iníqua, e historicamente desastrosa, de transplantar para a política da saúde um preconceito ideológico.»
João Pereira Coutinho, no Correio da Manhã
Pessoalmente, adoraria estar a ter uma discussão destas. Infelizmente, por cá esta discussão não é possível e intrometer-me na dos outros é simplesmente fútil. De qualquer modo, aqui vai um texto de Will Wilkinson em que é refutada uma tese de Peter Singuer, the Peter Singer, sobre o preço de uma vida.
(fazem anos. estão felizes. foram anos, anos, anos e anos de partilha de zangas, gritos, maus humores, gritos, maus humores e zangas. foram anos, anos, anos e anos perfeitos. agora, quase adolescentes, quase como quando ainda não tinham passado anos, anos, anos e anos, beijam-se, escondidos de tudo. pecado. fruto que apetece. tudo isto. ou não.) ¤
(estou seco. não sai nada. sento-me e penso, imagino, olho para o papel, volto a olhar para o teclado, papel, teclado, papel, teclado e paro. fecho tudo, apago a luz e escondo-me da secura. pode ser que se esqueça de mim e se vá até que volte.) ¤
O Miguel Vale de Almeida conseguiu inspirar-me a fazer algo parecido a este exercício. Provavelmente dirão que sou bota-abaixista, esta nova pérola da língua camoniana que o vai sendo cada vez menos.
O nosso Portugal dos pequeninos, e isto tem dono, irá durante os próximos meses falar de duas coisas apenas: gripe e eleições. Temas bonitos, interessantes, em que geralmente se fala sem saber. Mas há uma outra coisa sobre a qual os portugueses, bem como os restantes europeus, deveriam falar: o segundo referendo irlandês.
Ouvi um senhor no programa noticioso matinal da RTP a dizer que a principal causa dos abusos morais é, adivinharam, o neoliberalismo. Sim. As ideologias políticas potenciam o mobing.
Este é um dos exemplos dos autógrafos cartoonados que publica a revista Piauí. Uma bela sugestão deixada pelo Francisco José Viegas.
Dois a um, não. Deste-me dez a zero. Provavelmente a minha hiperbólica boneca inútil até faz algum sentido. Um dia destes escrevo qualquer coisa sobre a minha mudança de opinião.
Tinha prometido a mim mesmo não falar das eleições de Lisboa. É coisa lá deles, que só lá vou quando é mesmo preciso. Mas a senhora Helena Roseta obriga-me a engolir a promessa, ó inferno que me aguardas, e tocar na ferida.
(será - agora ganhei a mania dos parêntesis - que ficava muito mal eu desejar um feliz septuagésimo aniversário a Cavaco Silva?) ¤
Oiço, raramente e com alguma dificuldade, confesso, aqueles programas interactivos da TV, normalmente com «opinião pública» no nome ou na apresentação. Coloca-se um senhor jornalista acompanhado de especialistas que discorrem longamente sobre as questões e, no meio, aparece ao telefone o tuga a opinar, também.
(estou a ler aquele livro ali ao lado. comecei hoje. estou no início e sinto que estou a ler um delírio maravilhosamente escrito. enfim, coisas.) ¤