A máfia da blogosfera
19
Jul 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 12:01link do post | comentar | ver comentários (1)

Enquanto em Portugal as entrevistas aos políticos começarem com coisas como: «quando se olha para si tem mais pinta de CDS-PP do que de socialista», é inútil dicutir o que quer que seja.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:18link do post | comentar

 

Tag:

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:41link do post | comentar | ver comentários (5)

Desafia-me o Stran a ir aos baús velhos da discussão do aborto para lhe dizer por que o acho imoral.

Em primeiro lugar há que desfazer uns quantos nós: a decisão de engravidar ou não é do indivíduo sem dúvida nenhuma – e por isso não me oponho à contracepção como alguns fazem. A questão aqui é outra e prende-se com o depois, com aquilo que é correcto dado que já existe gravidez. É que muitos, ao discutir o aborto, colocam no mesmo saco estas duas coisas: engravidar ou não, interromper a gravidez ou não. Sobre a primeira a sociedade não tem nada a dizer. Sobre a segunda, o caso muda de figura.
Quando se fala em gravidez está a falar-se de uma situação em que, a menos que haja uma acção positiva em contrário, haverá uma nova vida. Esta acção positiva é o aborto voluntário. Será aceitável que uma pessoa, e aqui coloco de parte as teorias sobre o início da vida que inquinam o debate sempre, possa travar um desenvolvimento que dará numa vida? Qual é a diferença substancial entre matar e impedir que se viva?
Uma vida não é obviamente uma obrigação. A lei anterior não dizia: todos os casais têm de ter filhos. O que a lei anterior dizia era: se os casais engravidarem não podem interromper a gravidez. Parece-me quase absurdo discutir isto, mas estamos a discutir sobre a moralidade de pais e mães gerarem filhos e, depois, seja por que motivo for, interromper o processo acabando por, na prática, matá-los.
Respondendo directamente à pergunta, Stran, o facto de eu ser liberal não implica que eu idealize um Estado de Natureza em que matar-te é uma acção de moralidade nula. Eu sou liberal, mas não vou atrás das restantes marias dizendo que é tudo uma questão de escolha. É uma questão de escolha individual, sim, mas tem de se compreender que essa escolha não tem efeitos apenas no indivíduo, mas sim num outro ser. E, Stran, um projecto é quando temos dezassete anos e sonhamos em ter sete filhos. Um feto não é um projecto.
Tag:

18
Jul 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 23:16link do post | comentar

- Um momento

ou seja a minha avó a pegar em mim como se fosse um coelho e não dei pela pancada na nuca nem pelo alguidar aos seus pés, dei pela palma que me afagava o lombo avaliando-me a carne, interessei-me

- Não ando magro senhora?

e a minha avó sem responder a pegar-me nas orelhas, a erguer-me no ar e quando o meu avô

- Depressa

a abrir-me de um golpe desde o pescoço à barriga

 

(retirado daquele livro ali ao lado)

Tag:

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:54link do post | comentar

A entrevista de Pedro Passos Coelho (PPC) ao Diário de Notícias é notável a todos os níveis. O motivo é simples: mostra o grau de mestria do jovem no jogo político.

Com esta entrevista, PPC consegue encostar a direcção à parede. Em primeiro lugar, trata do assunto com uma distância e indiferença ensaiadas q.b. Não se mostra desesperado por um lugar no hemicíclo, mas também não mostra repugnância. Sabemos já qual é a vontade. Em segundo lugar, para obter isso, faz o jogo da inocência e bondade: «Há um ano disse que, se fosse eleito presidente do PSD, convidaria os meus adversários para as listas.» Por último, apresenta-se como o grande injector de confiança e o grande mobilizador do partido, afirmando que repetiria a exigência de vitória nas Europeias e que, nas legislativas, a fasquia deve ser ainda mais elevada: a maioria absoluta.

Já afirmei que gostaria de ver PPC no Parlamento. Não é por uma questão de facções e tudo mais: penso que é preciso haver deputados independentes. Ao contrário de JPP, penso que Alegre deveria ir para o Parlamento também. Se os deputados servem apenas para anuir às decisões centrais, é inútil que sejam tantos. Bastaria um de cada partido com voto proporcional à percentagem obtida nas eleições. Ainda assim, é curioso ver como PPC, com uma certa imagem calma e despreocupada sobre o assunto, consegue deixar a direcção de mãos e pés atados.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:53link do post

(não sei o que sou. se sou filho, se pai, se luz se treva, se nada. sei apenas e só que por encantamento desconhecido me encolho, fico pequenino, partícula de pó, ao pé disto. vergonha infinita. e vozes dizem-me que a secura se finda com papel e caneta, com velho e antigo, com passado. e então experimento: papel, caneta cheia de tinta, papel, suspiro, tecto. e paro no tecto. vejo-lhe cada fenda, acidente, história. nada. a secura não se finda nem ontem nem hoje. com sorte amanhã ou nem isso. regas-me, pergunto.) ¤


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:02link do post | comentar

«Os homossexuais podem doar sangue? O Ministério da Saúde diz que não. ‘Grupos de risco’ são, como o nome indica, um risco para pessoas saudáveis. Esta falácia grotesca é rapidamente desmontada com uma questão simples: é mais perigoso para a saúde de terceiros o sangue de um heterossexual promíscuo e temerário ou de um homossexual fiel e prudente?

A pergunta responde--se a si própria. Independentemente da orientação sexual, cada vida transporta uma história diferente. E seria aconselhável que os serviços de saúde soubessem distinguir ‘grupos’ de ‘indivíduos’; e, dentro destes, identificar aqueles que oferecem ‘risco’ pelos seus ‘comportamentos’. Enfiar grupos inteiros no mesmo gueto não passa de uma forma iníqua, e historicamente desastrosa, de transplantar para a política da saúde um preconceito ideológico.»

 

João Pereira Coutinho, no Correio da Manhã


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 12:03link do post | comentar | ver comentários (3)

Não escrevi nada aqui sobre aquela idiotice da proibição dos homens homossexuais darem sangue porque coloquei os textos ali e ali.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 12:00link do post | comentar | ver comentários (1)

Pessoalmente, adoraria estar a ter uma discussão destas. Infelizmente, por cá esta discussão não é possível e intrometer-me na dos outros é simplesmente fútil. De qualquer modo, aqui vai um texto de Will Wilkinson em que é refutada uma tese de Peter Singuer, the Peter Singer, sobre o preço de uma vida.


17
Jul 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 20:28link do post

(fazem anos. estão felizes. foram anos, anos, anos e anos de partilha de zangas, gritos, maus humores, gritos, maus humores e zangas. foram anos, anos, anos e anos perfeitos. agora, quase adolescentes, quase como quando ainda não tinham passado anos, anos, anos e anos, beijam-se, escondidos de tudo. pecado. fruto que apetece. tudo isto. ou não.) ¤


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:28link do post

(estou seco. não sai nada. sento-me e penso, imagino, olho para o papel, volto a olhar para o teclado, papel, teclado, papel, teclado e paro. fecho tudo, apago a luz e escondo-me da secura. pode ser que se esqueça de mim e se vá até que volte.) ¤


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 17:54link do post | comentar | ver comentários (7)

O Miguel Vale de Almeida conseguiu inspirar-me a fazer algo parecido a este exercício. Provavelmente dirão que sou bota-abaixista, esta nova pérola da língua camoniana que o vai sendo cada vez menos.

Ao contrário do Miguel, não consigo, por muito que me esforce, ver em José Sócrates o bom político que ali é retratado. Temos em cima da mesa dois políticos que já exerceram funções: uma durante dois anos e num ministério particular – pelo que dificilmente poderá ser responsabilizada pelo trabalho de todo o governo – e outro que governou durante quatro anos e meio e, tendo por inerência do cargo a responsabilidade de todas as decisões tomadas, só assumiu as convenientes.
Não consigo confiar em Sócrates para continuar por mais um mandato por diversas razões que poderia separar em dois grandes grupos: as políticas e o político.
Começo pelo político. Sócrates representa tudo aquilo que abomino num Estado democrático: a presunção de saber mais que todos, própria dos grandes ditadores e oportunamente desmontada por Popper na grandiosa Sociedade Aberta. A má relação com a livre expressão de ideias e opiniões, tomando tudo como ataque pessoal quando se trata de combate político puro e duro. A pose e a superfície em detrimento da substância: de Sócrates não lhe sabemos uma ideia própria, apenas lembramos com um sorriso as citações inúteis de filósofos obscuros do país vizinho. A falta de sentido de Estado, julgando que o país é uma quinta do PS, brincando com o Orçamento de Estado, fazendo contabilidades que não lembrariam a ninguém, para poder anunciar grandiosos pacotes de nada. E, por fim, o constante lavar de mãos, atirando a responsabilidade das políticas impopulares para os outros, tomando a liberdade de, por oposição, chamar a si a responsabilidade de anunciar as medidas mais populares.
Tratado o político e a sua forma de estar, vamos às políticas. Tivemos em José Sócrates e na sua ministra da Educação o perfeito exemplo do que está escrito em cima. Foi tudo mal feito – não julgo necessário explicar o quê em particular, mas se necessário for, far-se-á novo post – e não houve a humildade democrática para consultar os outros partidos, recolher opiniões e sensibilidades, auscultar quem entende e quem obteve, também, votos do povo. Ao nível das finanças públicas, houve uma consolidação gelatinosa, toda feita aumentando os impostos e nunca baixando as despesas do Estado. Temos um Estado que nos rouba metade da riqueza que criamos. E, ainda por cima, nos endivida a nós, aos nossos filhos e aos nossos netos. Tudo isto para, agora, vir fazer um esbanjamento irresponsável e irreflectido, principalmente nesta fase em que tudo tem de ser tão bem pensado. Ao nível dos direitos civis, deixou tudo a desejar: aprovou a inaceitável lei da paridade que condiciona o voto do povo e interfere directamente com matérias da responsabilidade dos partidos, transformando as mulheres em arma de arremesso político. Foi também José Sócrates que, com um referendo não vinculativo, fez aprovar a legalização do aborto em Portugal, deixando milhares de crianças por nascer apenas para se mascarar de progressista. Foi o seu progressismo tarado. No progressismo sério falhou também: não avançou com a eutanásia nem tão pouco deixou aprovar o casamento entre homossexuais proposto pelos outros partidos. Já para não falar da questão das drogas que se manteve igual. Foi também nesta legislatura que se fez aprovar duas leis inaceitáveis numa sociedade livre: a proibição do fumo em estabelecimentos públicos e a proibição de os homens homossexuais doarem sangue. Por fim, Sócrates representa ainda a hipocrisia de ter brincado aos políticos com um assunto tão sério como a guerra. Na oposição gritava contra as intervenções no Iraque e no Afeganistão. Estando no poder, deixou para os últimos meses de mandato a retirada do primeiro e reforçou a intervenção no segundo.
José Sócrates, para quem olhei com muito bons olhos nos primeiros anos, tornou-se isto. Representa, para mim, isto. É para mim insuportável a ideia de viver mais quatro anos nesta asfixia, nesta intolerância, num país dominado por um homem que se julga todo poderoso. E, às vezes, penso que José Sócrates é uma espécie de Dorian Gray. Enquanto uns lhe vêem a face revelada ao mundo, outros apenas lhe vêem o retrato no sótão. Eu sou um dos que vê o retrato e não presta atenção nenhuma aos caracóis doirados e às joviais feições. Por isto, e ao contrário do Miguel, não apoio José Sócrates nesta corrida.

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:20link do post | comentar | ver comentários (10)

O nosso Portugal dos pequeninos, e isto tem dono, irá durante os próximos meses falar de duas coisas apenas: gripe e eleições. Temas bonitos, interessantes, em que geralmente se fala sem saber. Mas há uma outra coisa sobre a qual os portugueses, bem como os restantes europeus, deveriam falar: o segundo referendo irlandês.

E a discussão sobre o segundo referendo irlandês deveria ser apenas o pontapé de saída para uma discussão muito mais alargada sobre a própria UE que hoje temos. Pessoalmente, penso que é muito perigoso o caminho que estamos a percorrer.
Enquanto em todas as nações se procura descentralizar o poder e, mais que isso, impor contrapesos e freios aos que o detêm, a Europa é um oásis de totalitarismo disfarçado. Os órgãos europeus com um poder desmesurado – a legislação portuguesa é em 80% emanada do Parlamento Europeu – não têm limites e quando um povo, um único povo que seja, se opõe às decisões centrais, acaba derrotado pelo desgaste, fazendo-se referendos atrás de referendos até que a decisão vá adiante. Principalmente uma decisão como o Tratado de Lisboa que, entre outras coisas, proíbe o referendo a tratados futuros. Que paradoxo tamanho este de com um Tratado ratificado por democracias ocidentais se dar um salto para trás em matéria de deliberação popular.
A União Europeia há muito que ultrapassou os limites. Está a tornar-se aos poucos, e sem que seja dada ao povo a possibilidade de se pronunciar, um mega-estado. E pior que estar a tornar-se um mega-estado, está a ser toda construída com base numa espécie de pensamento único, uma consensualização imposta, uma terra de sins (e aqui podem ler o plural de sim ou ver outro significado qualquer). É preciso muito rapidamente travar o processo de crescimento da máquina europeia e repensar tudo isto. A bem de um continente mais livre e democrático que não se submeta acriticamente às decisões dos eleitos.

 

Tag:

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 08:54link do post | comentar

Ouvi um senhor no programa noticioso matinal da RTP a dizer que a principal causa dos abusos morais é, adivinharam, o neoliberalismo. Sim. As ideologias políticas potenciam o mobing.


16
Jul 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 23:49link do post | comentar

 

Este é um dos exemplos dos autógrafos cartoonados que publica a revista Piauí. Uma bela sugestão deixada pelo Francisco José Viegas.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 09:59link do post | comentar | ver comentários (1)

Dois a um, não. Deste-me dez a zero. Provavelmente a minha hiperbólica boneca inútil até faz algum sentido. Um dia destes escrevo qualquer coisa sobre a minha mudança de opinião.


15
Jul 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:29link do post | comentar | ver comentários (12)

Tinha prometido a mim mesmo não falar das eleições de Lisboa. É coisa lá deles, que só lá vou quando é mesmo preciso. Mas a senhora Helena Roseta obriga-me a engolir a promessa, ó inferno que me aguardas, e tocar na ferida.

Que o Zé em falta se unisse a António Costa, toda a gente esperava. Desamparado pelo Chico, o Louçã, tinha de buscar colo num outro lugar. E António Costa até parece ser bom partido – para o Zé, claro. No entanto, de Helena Roseta não esperava este triste espectáculo. Aquele MIC tão alegre parecia tão cheio de inocência e boa vontade e, afinal, revelou-se apenas mais um peão no jogo de poder, nomeadamente no poder lisboeta. A análise do Vasco Campilho mostra bem as continhas feitas a lápis, borracha e com provas dos nove que precederam a decisão. É impressionante como Helena Roseta está, simplesmente, a tentar safar-se. Santana Lopes está a subir bastante das sondagens e o voto útil iria comprometer a candidatura da senhora. A esquerda unida ia chamar o António, sim, é uma música, e Helena Roseta ia ficar para a próxima.
Assim, manda fora os ideais que a levaram a candidatar-se (há dois anos candidatou-se contra Costa, lembrai-vos), apenas para ter um pelouro. Intervenção, cidadania ou simples ganha-pão: deixamos de saber o que é que esta candidatura representa para Helena Roseta.
Tag:

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:27link do post | comentar | ver comentários (4)

(será - agora ganhei a mania dos parêntesis - que ficava muito mal eu desejar um feliz septuagésimo aniversário a Cavaco Silva?) ¤


14
Jul 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:57link do post | comentar | ver comentários (3)

Oiço, raramente e com alguma dificuldade, confesso, aqueles programas interactivos da TV, normalmente com «opinião pública» no nome ou na apresentação. Coloca-se um senhor jornalista acompanhado de especialistas que discorrem longamente sobre as questões e, no meio, aparece ao telefone o tuga a opinar, também.

Eu, por mim, acho óptimo que as pessoas tenham opinião – se não tivessem estaríamos mal – mas quando há um programa a analisar a constitucionalidade de uma ASAE versão polícia criminal, a coisa mais absurda que se pode fazer é perguntar a opinião de gente que nunca leu a Constituição da República ou que acha que os gajos da ASAE são uns malandros porque nos levaram a ginjinha. É tonto, simplesmente. E inútil, também.

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:39link do post | comentar

(estou a ler aquele livro ali ao lado. comecei hoje. estou no início e sinto que estou a ler um delírio maravilhosamente escrito. enfim, coisas.) ¤


arquivo do blogue
2009:

 J F M A M J J A S O N D


2008:

 J F M A M J J A S O N D


pesquisar