[Via António Costa Amaral]
Apesar de não ser este o principal motivo pelo qual sou contra o salário mínimo imposto pelo Estado, não deixa de ser um argumento muito forte.
A saúde não é um direito, por Joaquim Sá Couto.
Não o é a saúde, como não o é o trabalho, a educação e tudo aquilo que constituia qualquer tipo de obrigação infundada a outros indivíduos. É preciso coragem para afirmar isto, principalmente num país como Portugal, mas tem de ser dito.
A questão do casamento homossexual apenas permite ganhar uma nova perspectiva sobre a questão dos privilégios dos casados. No entanto, a injustiça revela-se noutras matérias.
Quando falamos em impostos e em serviços públicos, temos de ter sempre presente uma coisa: todos beneficiamos, em teoria, por igual, pelo que, se houver alguém a pagar menos, então está a ser indirectamente subsidiado pelos outros. Os outros estão a pagar a parte que aquela pessoa não paga. Geralmente, os teóricos destas coisas chamam a isto «estímulo» ou «incentivo».
Significa isto que, por exemplo, um indivíduo, seja do sexo masculino ou feminino, que por azar ou opção nunca tenha constituído uma família é prejudicado em relação a quem constitui uma família. Não sabemos quais foram os motivos que levaram, let's say, o Joaquim a não casar. Apenas sabemos que não casou e que o Estado não o pode prejudicar por causa disso. Com a instituição do casamento, em que os casados são privilegiados, Os joaquins estão a ser prejudicados e muito.
Penso que esta deveria ser uma questão a colocar aos partidos para discussão na próxima legislatura. É que avançar com o casamento homossexual é um imperativo moral, mas não é aceitável que o façamos apenas para criar mais e mais privilegiados.
Ontem em conversa com o Adolfo (e agora não sei para onde linkar, que ele «escreve» aqui, aqui e aqui), veio para a mesa a questão do casamento homossexual. Faço questão de dizer que foi em conversa com o Adolfo, porque o que vou escrever aqui não é só meu, mas também um pouco dele.
Parece-me, como já no passado afirmei, que é do mais elementar bom senso que se permita a quem quer que seja celebrar o contrato que for, com as contrapartidas que quiser. E o casamento civil, por muito que os românticos esbracejem, é isso mesmo: um contrato. Pelo que não faz qualquer sentido que apenas alguns lhe possam aceder.
No entanto, há um problema com o casamento. O casamento em Portugal não é apenas e só um contrato. É uma porta de acesso a um sem número de benefícios, nomeadamente a nível fiscal que têm um objectivo prévio. Apesar de o achar tonto, não o posso negar.É o objectivo de apoiar as famílias, no seu sentido mais tradicional, as que envolvem procriação (não tenhamos medo da palavrinha).
Por isto, para que possa haver casamento homossexual sem qualquer tipo de motivo lógico para arguir contra, há que reformar a instituição do casamento. Há que encarar o casamento como um contrato entre duas pessoas no qual o Estado não se deve intrometer. Têm de acabar os incentivos e apoios ao casamento, porque não é legítimo que um casal, apenas por o ser, tenha privilégios.
A partir de hoje estarei juntamente com outras pessoas num blogue colectivo de apoio ao PSD nas próximas legislativas. Aproveito para fazer uma declaração de desinteresse: não sou militante nem tenho nada a ganhar directamente com a possível vitória de Manuela Ferreira Leite. Sou um independente que quer mudança, apenas e só. Sócrates, Jamais!
Fiquei fã do Senhor Polomar. Da Senhora Polomar não digo nada por respeito ao primeiro, que mulher de ídolo é para apreciar em segredo. Fiquei fã por dois motivos: porque o blogue é extraordinário e porque a lata é notável. Cada título ou post é um gentil pedido, ou um descarado cravanço de qualquer coisa. Gosto ainda mais do Senhor Polomar porque a mim não me pode cravar grande coisa. É sim como que uma relação de dar sem receber. Ou, falando deste lado, de receber sem dar nada em troca. Assim é que é, Senhor Polomar.
(ah! e descanse que não vou tentar descobrir quem é. não é que não tenha curiosidade, mas duvido muito, muito que qualquer nome verdadeiro seja melhor que Senhor Polomar.)
Amanhã daremos novidades, apesar de uns desbocados de serviço sofrerem de ejaculação precoce.
Manuela Ferreira Leite anunciou que o Programa Eleitoral apenas será apresentado em Setembro. Há alguns meses atrás afirmou que em Julho estaria pronto. Bem sei que em Agosto ninguém lê programas eleitorais, mas a verdade é que o efeito psicológico de um programa ser apresentado a escassas semanas de uma eleição desta importância é devastador. Se Manuela Ferreira Leite quer que todos leiamos o seu programa, então não o pode apresentar três semanas antes de irmos a votos. Em Setembro será tarde de mais.
Houve uma bancada parlamentar, e aqui nem interessa qual foi, a propor no Parlamento que fosse feita pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) do Parlamento uma avaliação independente da situação das contas públicas.
Uso "esquerda" e "direita" por facilidade. Porém, em relação aos grandes pensadores do político, será que essa designação faz realmente sentido? E não estou sequer a falar de Platão, Aristóteles, Maquiavel ou Hobbes. Falo de Locke, Montesquieu, Adam Smith, Hume, Burke, Benjamin Constant, Tocqueville, todos, cada um à sua maneira, liberais. São de esquerda ou de direita? E que quereria isso dizer?
Paulo Tunhas, no i
[via PPM]
Constança Cunha e Sá
A Câmara Municipal de Lisboa é, desde sempre, uma catapulta para melhores lugares. É por isso que está ao nível que conhecemos: a cidade mais rica do país está paupérrima, sem dinheiro para acender uma velinha nos Jerónimos. António Costa não é excepção a tudo isto: o objectivo não é Lisboa, o objectivo é outro e a cidade um pretexto. Saiu do governo antes de o desgaste ser o que é, o que lhe deixou a imagem limpinha. Em Lisboa, passa a imagem de casa arrumada, coisa que não se compreende. Agora dialoga com o MIC, o braço armado em parvo do Partido Socialista, para que não haja fracturas. O resultado das autárquicas é um mistério, tal como é um mistério o resultado das legislativas. Mas uma coisa é certa: António Costa tem tudo tratado.
O Afonso Azevedo Neves revela aqui algumas dúvidas sobre a limitação de mandatos. Se certezas se podem ter sobre o que quer que seja, então eu tenho a certeza que a limitação de mandatos é inaceitável.
Agora que passou já um dia desde que o Simplex, como não podia deixar de ser, abriu e já tem por lá escrito mais que o manifesto, já posso malhar, é assim que se diz não é?
Um dia apenas permitiu, diabos me levem, umas oito referências a Salazar e tal. É a política do medo que o Partido Comunista cultivou durante toda a sua existência e que o Partido Socialista se prepara para utilizar. Eles são fascistas, dizem baixinho, nas entrelinhas. Ao menos, e se querem dizer alguma coisa, ainda por cima absurda como essa, digam alto, em bom som, e sem pruridos. Já que coragem não vos falta que até apanham pedradas para votar PS, ao menos dêem-nos um exemplo sério da dita.
Também li o Tomás Vasques dissertar sobre economia e tal. A discussão que aquele post não daria, valha-me a falta de tempo para a ter.
Ainda um outro autor, Eduardo Graça, conseguiu fazer ali um exercício digno de um deputado: chamar para o seu partido os louros do que não fez, sem nunca esquecer a referência aos ontens que não cantavam. Se o Eduardo Graça investigar um bocadinho, vai descobrir que quem começou a árdua tarefa de implementar concretamente os cursos profissionais, de forma reduzida, como é óbvio, por ser o início, foi Durão Barroso. Mas enfim, os factos aborrecem.
Gostei ainda do slogan que criaram: «Apoiar a mudança, sem mudar de ideia». É que depois de Obama, até os governos em exercício apelam para a Change e mais a Hope. Pois seria interessante analisar o paradoxo para além do valor literário. Se a análise for feita, apenas envergonhará quem o criou.
Moral da história, fez-se um blogue que poderá ser editado como bíblia daqui a uns meses. É que tudo, ou quase tudo, é pura matéria de fé. Crença inabalável. E, pior, tudo em torno de um só homem que já provou por de mais não ser merecedor de um pedaço sequer de tudo aquilo.
Nasceu o blogue de apoio ao Partido Socialista para as próximas legislativas. Tem um rol de colaboradores extenso. Alguns que respeito bastante, como o Tomás Vasques, o João Galamba ou o Luís Novaes Tito. Outros que não respeito tanto assim, e que por elegância não nomeio. Outros ainda que nem conheço. Suspeito que discordarei de muitas das coisas por lá escritas, outras nem tanto. Esperemos para ver. O blogue chama-se, como não podia deixar de ser, Simplex.
Há um ano atrás recebemos com gargalhadas mal disfarçadas a notícia de que ia ser proibido dar massagens no Algarve. A fundamentação foi completamente absurdas: «não se sabe onde é que uma massagem pode acabar». Como se alguém tivesse alguma coisa a ver com isso. Pelos vistos este ano não acabou. O circo continua. Amanha dir-nos-ão a que horas deitar, o que comer, o que vestir. Tudo para nosso bem.
(já nem me vejo nem me sinto. se sou, se não, não sei dizer. sei, sei dizer. sei dizer porque sinto que me bate o coração, palpita, grita bem alto: existes. e acredito. e sinto-o irrigar cada pedaço de nada que sou e, com isso, volto a tentar. de novo papel em branco. de novo caneta cheia de tinta. de novo suspiro. e a caneta rebenta do torpor e salpica o papel. as manchas unem-se, sozinhas, involuntárias, tontas, que fazem, pergunto. e as letras surgem e as palavras e as frases e tudo. e a tinta libertadora libertou-me, regou-me, finalmente. se calhar. ou se calhar não. e agora perdoa-me ser tão pouco, tão pouco, que nem sei porque teclado, porque ecrã, porque isto. apenas disparate de artista que não o é a tentar acompanhar o ritmo compassado de maestro que quereria ser, se não soubesse esse querer tão inútil como todas as coisas inúteis o são. certamente perdoarás, que a pobre pedaço infinito de nada sem rega que o salve, nem o perdão se nega.) ¤
(e abro este parêntesis apenas para informar que este é o milésimo texto que grito neste beco sombrio)