A máfia da blogosfera
31
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 23:03link do post | comentar

 

Por achar que a actual lei é inconcebível num Estado democrático, assinei. Por achar que não há nenhuma objecção moral a que se permita duas pessoas do mesmo sexo assinar um contrato, assinei. Por achar que o argumento de "tratar diferente o que é diferente" é tonto, assinei. Por achar que o colectivo não tem o direito de se intrometer e condicionar a celebração de contratos, assinei. Por achar que não há nada de transcendente, espiritual ou o que quer que seja no casamento civil, assinei.

Não gosto especialmente da bimbalhice dos mil nomes de "figuras públicas". No entanto, não posso deixar de apoiar a causa. Quem a apoiar também, clique na imagem.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:38link do post | comentar | ver comentários (2)

 

 Campbells Soup I (Tomato), Andy Warhol, 1968


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 12:27link do post | comentar

Do Escrutínio, por Joana Carvalho Dias.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:49link do post | comentar

Em Portugal não se tem falado muito do escândalo que se está a passar em Inglaterra. Um verdadeiro escândalo, à moda antiga. O Daily Telegraph lançou-se à investigação, coisa muito bem aceite por terras de sua Majestade, ao contrário do que acontece nas nossas, e descobriu que o Parlamento Inglês está repleto de corruptos. A lista de nomes é interminável e toca a todos os partidos. Membros do Parlamento usaram dinheiros públicos para despesas suas. Situações graves como a compra de segundas casas pelos membros do IRA ou situações ridículas como a doação de 5 libras a uma Igreja - tudo isto foi pago pelos contribuintes. Obviamente, todo este escândalo, que foi primeiro denunciado em relação aos deputados trabalhistas e que depois foi alastrado a todos os partidos, está a causar reviravoltas consideráveis nas intenções de voto britânicas. Os trabalhistas, que estão há três mandatos no poder, estão prestes a alcançar o pior resultado desde 1987, passando a terceira força política atrás dos Liberais Democratas. Os conservadores, muito à custa de David Cameron, um senhor da política, estão a aguentar-se e é quase seguro que serão os próximos no poder.

Caem por terra essas teorias de que Inglaterra é um exemplo para o mundo de como as instituições funcionam muito melhor com monarquias constitucionais. O escândalo até levou a que o speaker da Câmara dos Comuns, Michael Martin, se demitisse - coisa que não acontecia desde 1695, quando John Trevor renunciou por ter aceite suborno. Afinal, são cães como nós.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 09:31link do post | comentar | ver comentários (2)

A TVI24 criou um programa apresentado pelo menino bonito das revistas portuguesas, o Pedro Granger, no qual um bando de jovens se senta em bancos coloridos e discute. É. É bom. Vamos trazer os jovens para a política.

O problema é que vemos nestes programas, e eu de vez em quando vejo, a completa falta de capacidade dos jovens em expressar-se em português correcto, em criar um raciocínio lógico, a ter uma discussão inteligente. Há excepções, sim. Mas aqui estou a falar da regra. Não estou a dizer que isto é mau. Às vezes só com trabalho é que uma cabeça perra começa a funcionar. Mas isto é simplesmente o retrato do que é esta geração mais que rasca. Uma geração dominada pelo pensamento único português, que não teve pais capazes de os fazer pensar, que foi entregue a uma educação universal criada e imposta por esse mesmo pensamento único que os tratou como se fossem animais necessitados de domesticação. Em quantas aulas estes jovens tiveram um debate de ideias? Quantas vezes em dezassete, dezoito, dezanove ou vinte anos ofereceram a estes jovens um livro pelo Natal? Agradeçamos aos responsáveis. A geração de Abril criou uma geração de Março.


30
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 22:40link do post | comentar | ver comentários (1)

No A Torto e a Direito, João Pereira Coutinho diz que não faz sentido a criação do casamento entre homossexuais porque isso vai contra a natureza do casamento. Naturalmente, o casamento é, para JPC, um contrato entre duas pessoas de sexo diferente e não tem lógica uma mudança. Há uns séculos, a natureza do casamento impunha que negros não se podiam casar. Há menos séculos, quando o casamento já era uma realidade para negros, fazia parte da sua natureza que não podia haver uniões contractualizadas entre pessoas de raças diferentes. Agora já se pode isto tudo. Ora, se a pretensa natureza do casamento se revelou tão tonta no passado, porquê manter o dogma no presente?

E sim, isto leva a que se legalizem relações incestuosas e relações poligâmicas para as quais não há nenhum fundamento lógico que leve à proibição.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 21:37link do post | comentar | ver comentários (1)

Sigilo nas salas de aula?, por Lutz Brückelmann.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 12:54link do post | comentar | ver comentários (16)

Comprei o i. Todos os sábados o faço porque não perco as crónicas do João Carlos Espada e a revista do Pedro Rolo Duarte. Folheando, dando uma primeira vista de olhos, interesso-me pela entrevista de Manuela Moura Guedes, pela secção Europeias do Radar e pelos artigos da Helena Roseta e do Rui Ramos, mais do do segundo que do da primeira, apesar de as diferenças de fundo não serem assim tantas. Depois deparo-me com uma das piores coisas que já tenho lido em jornais: um Quiz, qual revista Bravo, com o título "Serei de esquerda ou de direita?". O autor, creditado pelo facto de ser professor universitário de Teoria Política, é João Cardoso Rosas. O questionário é vergonhoso. Destaque para algumas questões:

 

"Salazar foi um grande homem e merece toda a nossa consideração"

Concordar inteiramente com a afirmação é considerado ser de direita. Discordar inteiramente é ser de esquerda.

 

"Tudo indica que Sócrates tem culpas no caso Freeport"

Concordar inteiramente com a afirmação é considerado ser de direita. Discordar inteiramente é ser de esquerda.

 

"Devemos rezar todos os dias à Nossa Senhora de Fátima para que proteja Cavaco Silva"

Concordar inteiramente com a afirmação é considerado ser de direita. Discordar inteiramente é ser de esquerda.

 

"O desejo de mudança é muito importante; é o que faz progredir o mundo"

Concordar inteiramente com isto é ser de esquerda. Discordar é ser de direita.

 

"Vamos construir o mundo de todas as cores, multicultural e miscigenado"

Concordar inteiramente é sr de esquerda. Discordar é ser de direita.

 

Numa coisa tão simples como um questionário tonto desdes é-nos dado mais um excelente exemplo da mentalidade pequenina que domina Portugal. Do lado da esquerda está a virtude, a moralidade, o respeito pela democracia. Do lado da direita está o racismo, a religiosidade beata, a reacção e o desrespeito pela liberdade. E o mais brilhante: considerar que um suspeito de um caso judicial pode ser culpado é ser de direita, sendo o oposto um exemplo de esquerdismo.

Repitam comigo, ad aeternum, como faziam as ovelhinhas no Animal Farm: esquerda bom, direita mau.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:05link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Descubra as diferenças com o que por cá se vai dizendo, fazendo e cantando.

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publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 09:43link do post | comentar

«Poucos portugueses lutaram para que muitos pudessem votar um dia. O mínimo que estes milhões poderiam fazer era honrar essa conquista. Infelizmente não o fazem. Depois não se queixem.»

 

Bernardo Pires de Lima, no União de Facto


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 09:13link do post | comentar | ver comentários (6)

Alguém acredita que, apesar de pertencerem aos mesmos grupos de partidos europeus, votar em Miguel Portas é igual a votar em Ilda Figueiredo ou que votar em Paulo Rangel é igual a votar em Nuno Melo?


29
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:14link do post | comentar | ver comentários (1)

Uma coisa que não se pode fazer é subverter tanto o que foram os ideais da Revolução Francesa. Tal como é dito no texto que publicitei num post anterior, actualmente, os revolucionários que na altura se sentaram no lado esquerdo da câmara seriam considerados gente de direita, liberais, neoliberais e coisas semelhantes. Como tal, Carlos, não é factualmente correcto utilizar a Fraternidade e Igualdade para que se justifique o Estado Social porque ambos sabemos que a fraternidade não tinha, à data, nada que ver com imposições estatais: os cidadãos franceses deveriam ser fraternos, mas a lei não obrigava a que o fossem, e que a igualdade significava apenas a vontade de dar a todos os mesmos direitos legais que as classes protegidas tinham. Curiosamente, dois séculos depois, houve uma pequena inversão. Coisa para mais tarde.

Feito o esclarecimento. O Carlos responde a ética com eficiência. Diz que compreende a importância do voluntarismo na solidariedade (uma pergunta, leitores: uma ajuda imposta, tal como um casamento forçado, tem algum valor?), no entanto, como a intervenção através do Estado, através da obrigação, é mais segura porque nunca faltará dinheiro, defende-a. Isto é verdade. Mas tanto subverte o princípio da fraternidade como é um verdadeiro atentado ao direito de propriedade. Afinal, há ou não o direito ao sucesso? O Carlos diz ainda que se deve tratar de forma igual o que é igual e de forma diferente o que é diferente. Enfim, isto é muito, muito questionável. Os pretos eram diferentes dos brancos e por isso eram escravos. Mais, pegando até nesta questão da genética, há quem sustente que os jovens com "maus genes" - por serem diferentes - devem ser afastados dos sistemas de ensino estatais por serem uma fonte de desperdício. Defendo que perante a lei todos temos de ser iguais, ponto.

E, Carlos, eu acho que é da forma como Barack Obama subiu na vida que se deve subir. Aliás, não sei se me incluis nessa direita europeia (eu não me incluo), mas vejo-o como um ícone, uma referência nesse campo. Quanto às ideias políticas é que pode haver, aqui e acolá, algumas diferenças. Não misturo as coisas.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:40link do post | comentar | ver comentários (1)
Olhe que não, João, olhe que não. Em primeiro lugar, um pequeno esclarecimento: a teoria não diz que “tudo” é genética. Diz que a base é genética, mas que as experiências pessoais têm influência. Um Camilo cheio de capacidades à nascença pode acabar um vagabundo e um António diminuído por azar pode ter sucesso. Pormenores. Adiante.
É óbvio que os termos se podem utilizar. Aliás, nem se compreende porque é que acha que não. Diz, basicamente, que não se pode, logo, não se pode.
A realidade é que se trata de uma questão de direitos. Haver um julgador universal que diz: tu tens de ter menos porque isso é tudo genética, tu tens de ter mais porque não teres é azar, esbarra com direitos. No limite, este raciocínio leva ao comunismo mais puro. Então, João, se tudo se trata de genética, qual é o fundamento de uns terem mais que outros?
A questão essencial é: a base é genética, ou seja, muito do que somos é uma questão de sorte. Segue-se disso que deve ser retirado à força o que quem teve sorte ganhou para se dar a quem não teve a mesma sorte? A isso não respondeu.

Quanto à minha redução ao absurdo, sabe tão bem quanto eu que não é falaciosa. Eu, por nascer em Portugal, tenho menos hipóteses de sucesso à partida que um americano e mais hipóteses que um moçambicano.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:43link do post | comentar | ver comentários (17)

O Miguel Madeira, citado pelo João Galamba, considera que, se se verificarem verdadeiras as teorias de que as nossas capacidades podem depender quase exclusivamente do "jogo de sorte e azar ocorrido na concepção", o Estado Social fica legitimado. Isto porque, claro está, se não se trata de mérito, não faz mal o Estado tirar a ricos para dar a pobres.

A isto chama-se ser falacioso e não temo a utilização do termo. Pensemos mais que dois segundos sobre esta questão. Imaginemos que a teoria está provada e que tudo funciona realmente como um jogo de sorte e azar. Por sorte, o Camilo nasceu esperto. Por azar, o António nasceu pouco esperto. Como tal, o Camilo safa-se e o António não. É mau, é triste, bem sei. Mas será que o Camilo pode ser responsabilizado e penalizado apenas porque o António não teve a mesma sorte que ele? A culpa é do Camilo? Não. Se a culpa não é do Camilo, qual é o direito do António de exigir que se roube o que o Camilo ganhou e se lhe dê?

Este raciocínio levado, ainda mais, ao absurdo iria permitir que a todas as pessoas do mundo ocidental fosse retirada toda a riqueza, pois tudo foi sorte por nascermos onde nascemos enquanto outros que nasceram em África ou na Ásia não tiveram sorte igual.

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publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:21link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Lá estarei, João.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:01link do post | comentar

Numa época em que no debate político só se ouvem referências a Esquerdas e a Direitas, é bom saber o que significa cada coisa. Lede, portanto, "The First Leftist" de Dean Russel.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 08:23link do post | comentar | ver comentários (3)

«Afinal, o PS moderou-se. Distribuição de preservativos nas escolas? Sim, mas cautela: a proposta aprovada na especialidade pelos socialistas não prevê distribuir preservativos como quem atira milho aos pombos.

Tudo depende das necessidades dos pombos: se, por hipótese, o Joãozinho aparece no ‘gabinete de apoio’ e declara, em doloroso pranto, que ele e a Teresinha já não aguentam mais os calores, é função do ‘técnico’ entregar-lhe a borracha e conceder-lhe a sua bênção. Mas o que fazer a todos os outros que, apesar dos calores, não têm forma de lhes dar andamento?

Em nome de uma escola verdadeiramente igualitária, o legislador devia acautelar situações de exclusão e carência, disponibilizando um bordel terapêutico em pleno recinto escolar. De nada servem aulas teóricas se os alunos não têm material para as práticas.»

 

João Pereira Coutinho, no Correio da Manhã


28
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 21:33link do post | comentar | ver comentários (5)

Não aceito, nunca por nunca, que se rasgue o princípio da presunção de inocência até prova do contrário seja em que circunstância for. Principalmente quando são circunstâncias que nos favorecem especialmente. No entanto, julgo que a demissão de Dias Loureiro já vem tarde. A verdade é que não lhe foi provada culpa alguma, no entanto, não é possível haver estabilidade política quando há nela pessoas de cuja honestidade desconfiamos. Não posso, portanto, deixar de dizer que há outras pessoas que acho que deveriam, pelo seu próprio pé, demitir-se. Enfim, sonhos


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 21:11link do post | comentar | ver comentários (3)

quando vou em busca de reacções à revolução que por aqui semeio e encontro um "contributo" de um, suponho que jovem, Miguel Bento no blogue da JS sobre o meu texto acerca da proposta de distribuir preservativos nas escolas.

Bom, em primeiro lugar, é interessante a forma como o Miguel Bento reinventa a lógica: diz que os meus argumentos são falsos. Enfim, coisa pouco importante devida à pouca importância dada às aulitas de Filosofia. Adiante. Segundo o Miguel Bento eu esqueço vários pressupostos. Ele não diz quais são, mas confio na sua capacidade de julgamento. Remata, com um miminho do discurso político, vê-se que ali há talento: pathos, pathos, pathos. Diz o Miguel Bento que no nosso país, e aqui já ficamos à espera do soundbyte, as pessoas não sabem nada das doenças e nem todos têm dinheiro para preservativos XPTO. Bom, quanto à primeira questão, eu tenho sérias dúvidas se haverá algum jovem, da JS ou não, que não saiba que fazer o amor sem a camisinha dá sarilho, e se houver é mal da Educação que tão bem tem sido gerida, quanto à segunda, é o Miguel Bento que se esquece de uns pormenores: é que já há alternativa: o moleque vai ao Centro de Saúde e recolhe uma mão cheia de pacotinhos para não ter de voltar tão cedo. Prossigam, prossigam, com o paleio um bocadinho mais apurado ainda acabam a seguir os passos do Grande Líder!


25
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 20:47link do post | comentar | ver comentários (10)

Tenho dedicado algum tempo à União Europeia: àquilo que lhe aponto como falhas e àquilo que lhe aponto como coisas boas. Chega a altura de explicitar qual o modelo que defendo. O modelo que pessoalmente defendo é pior para o meu país num curto/médio prazo, estou já a advertir. Defendo um modelo semelhante ao da já quase extinta EFTA ou da NAFTA. Estes dois sistemas consistem apenas e tão-só em acordos entre os países para o levantamento de barreiras ao comércio entre si. Não há pautas aduaneiras fixadas para o exterior, não há políticas comuns, não há interferência de uns países na gestão dos outros países, nada disso. Simplesmente funcionam como um mercado único, onde não há qualquer tipo de barreira ao comércio. Portugal já fez parte da EFTA: entrou em 1961, quando Salazar ainda governava - não pôde entrar para a UE por não ser uma democracia. É verdade que não havia propriamente dinheiro a cair do céu, feito maná, para construir pontes e estradas. Mas é também verdade que um modelo como esse é muito benéfico para a economia: submete o país à concorrência de agentes estrangeiros, o que estimula uma melhoria do tecido empresarial português, mas não submete o país às decisões políticas de outros países. Há uma verdadeira gestão democrática - já repararam que a grande maioria da nossa legislação vem de um parlamento no qual em mais de 700 deputados apenas 22 são portugueses? - e muito, muito saudável para o crescimento económico, sem injecções artificiais tantas vezes mandadas ao lixo. Olhe-se para a NAFTA e veja-se o que por lá se vai criando.

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