A máfia da blogosfera
31
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 12:01link do post | comentar | ver comentários (2)
Neste dia chovem as mensagens, os telefonemas, os e-mails e até os pombos correio para cumprir o ritual anual de desejar um "bom ano". Chegamos até a bater recordes mundiais que levam as operadoras móveis a cortar a gratuitidade das mensagens escritas. Há também as comunicações solenes dos líderes dos partidos, do governo - parece que vamos ter muito rendimento disponível não é verdade? - e do Presidente da República. Tudo gente que sabe daquilo que precisamos que saibam e que certamente desejam o melhor para nós, ou não fossem eles políticos. E há também, aqui mesmo, na blogosfera, a febre do e-mail e do comentário, mais não seja em busca de uma referência num qualquer lado, e da atribuição de prémios a estes e aos outros, de modo a que saibam que achamos que foram excepcionais ou não. Tudo isto na meia dúzia de dias que circundam a grande Meia Noite.
Enfim, eu não vou fazer como os primeiros e enviar mensagens ocas, quem deve saber, sabe que lhe desejo um bom ano. Não vou fazer como os segundos e dizer que vai ser muito bom ou que vai ser muito mau, até porque não sei. Não vou ser tão-pouco como os terceiros e andar a mandar cansativos e-mails para tudo quanto é desconhecido nem vou atribuir da minha parte prémios (apenas vou participar no "júri" dos Prémios Corta-fitas 2008), até porque não sou suficientemente bom para poder avaliar quem quer que seja. Vou apenas e humildemente deixar aqui um desejo de que todos tenham um óptimo 2009, sejam ou não conhecidos, sejam ou não leitores, e que o que aí vem não seja o ano do fim da blogosfera e mais o Apocalipse e tudo isso junto que tanta gente profetiza para nada. Muito festa, muita alegria e muito boas entradas!

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:18link do post | comentar
Um fenómeno, se se lhe pode chamar fenómeno, que tenho vindo a observar é o da falta de pontaria que por cá temos quando responsabilizamos alguém por o que quer que seja. E isto é evidente na política.
Quando um governo governa mal, maldita oposição que não existe. O governo aprova um decreto-lei que permite a contratação directa, em relação às obras públicas, para contratos até cinco milhões de euros? Culpa da oposição que não se opõe e deixa isto acontecer.
Quando o Parlamento aprova por unanimidade uma lei inconstitucional, estando completamente ciente desse facto, a culpa não recai sobre os deputados, mas sim sobre o Presidente da República que não mandou a ordinária lei para o Tribunal Constitucional nem dissolveu a Assembleia da República.
Mas também na economia isto acontece. Veja-se o caso do BPN cujas administrações encobriam actividades obscuras e tapavam com tapetes autênticos poços. De quem é a culpa? Do Banco de Portugal que não soube fiscalizar.
E na polícia é outro carnaval. Há mais criminalidade, logo, a culpa é da polícia que não trabalha bem. Se um ladrão roubar uma bicicleta de quem é a culpa? Do ladrão que roubou ou do polícia que não o apanhou? A resposta parece-me clara.
E assim ficamos com os agentes feitos anjos e os ficalizadores feitos demónios, para que se continue a viver nesta admirável praia na cauda da Europa.

30
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 20:34link do post | comentar | ver comentários (2)
A partir de agora poderão ser feitas contratações directas para obras até 5 milhões de euros, ficando para trás o maçador concurso público e a obrigação de existirem três opções. Penso que não é preciso ser uma Cassandra para adivinhar o que por aí virá. Se até agora já eram feitos negócios públicos com amigos privados, de agora em diante, a porta do cavalo não terá descanso. Estamos cá para ver.

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 20:30link do post | comentar | ver comentários (1)
«O Presidente da República, Cavaco Silva, promulgou, esta terça-feira, o Orçamento do Estado para 2009. A TSF sabe que o Chefe de Estado já informou o Governo liderado por José Sòcrates desta decisão»

TSF


29
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:32link do post | comentar | ver comentários (2)
Há algum tempo houve por terras lusitanas um peculiar concurso cujo objectivo era eleger os Maiores portugueses da História. Peculiar foi o resultado. O vencedor foi o saudoso Salazar. O segundo lugar foi para o bem-amado Álvaro Cunhal. O terceiro lugar para o quase desconhecido Aristides de Sousa Mendes.
Houve na Rússia um programa nos mesmos moldes e as conclusões são fantásticas. Cinquenta milhões de pessoas votaram e 11,5% das pessoas consideraram que Estaline foi o maior de todos os russos, ficando o ditador a apenas duas décimas do primeiro lugar.
É impressionante a rapidez com que todo um povo reabilita indivíduos que tanto mal fizeram à humanidade. O caso de Estaline, dado como responsável por dezenas de milhão de mortes é, provavelmente, o mais incompreensível. Durante trinta anos este louco fez em cada russo um inimigo, enviando tantos quanto podia para gulags, fazendo purgas no próprio PCUS e criando até um pacto de não-agressão com Hitler. E por falar em Hitler, só este falta. Na Alemanha ainda é tabu, mas não restem dúvidas que os movimentos neo-nazis estão aí e em força.
Peroai-lhes Senhor, que não sabem o que fazem.

28
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:42link do post | comentar | ver comentários (3)
Há neste momento, na América, um coro de protestos de pessoas que querem ver a Administração Bush julgada por crimes de guerra. Se eu não achasse que tudo isto é sol de pouca dura e que o movimento nacional vai acabar por parir um rato, ficaria francamente contente.
A verdade, e isto já é um lugar comum, bem sei, é que se há coisa que a terra da liberdade não foi é "correcta", se correcto se pode ser em tempo de guerra. E o pior dos podres destes últimos anos foi, sem sombra para dúvidas, Guantánamo. E Guantánamo é apenas uma sinédoque para todos os centros de detenção onde se torturaram presos para arrancar convenientes confissões. Quem não se lembra de umas imagens de há uns anos, de um centro de detenção no Iraque, onde apareciam homens nus a ser maltratados?
Se eu mandasse, frase tão repetida nesta nossa ocidental praia e que só pode querer dizer que todos queremos mandar em algum momento, eu imporia um julgamento a George W. Bush, Dick Cheney e Donald Rumsfeld. O mais provável seria que desse julgamento resultasse uma condenação semelhante à de outros criminosos de guerra.

27
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:11link do post | comentar | ver comentários (6)
Isto da retórica tem muito que se lhe diga. E o Tomás Vasques mostra-se um mestre na arte. Para o Tomás, do facto de haver taxistas, empregados de hotel, médicos e enfermeiros a trabalhar no dia de Natal ilucida, sem sombra para dúvidas, os fundamentos da luta dos professores. Ao que parece, ao ver gente a trabalhar na santa quadra, o Tomás apercebeu-se que o que os professores querem é manter ordenados acima da média (primeiro, qual é a média? depois, sabe quanto é que um professor em início de carreira ganha?), sair cedo (do quê?) e progredir na carreira conforme os anos de trabalho (coisa nunca antes vista na Função Pública). Enfim, o que os professores querem é manter as regalias às quais se habituaram.
Eu, calhando, até concordo com o Tomás em certa medida. Também acho que os professores devem ter uma progressão baseada no mérito. O problema, Tomás, é que não é isso que se fará caso esta avaliação vá em frente. Eu passo a explicar. Primeiro, os professores avaliadores são os professores titulares, certamente já ouviu falar, que o são por todas as razões menos por ensinar bem: direcções de turma, assentos nas assembleias de escola e conselhos pedagógicos, chefias de departamento, tudo isto contadinho serviu para distinguir os professores de primeira dos de segunda. Agora, os professores de primeira avaliarão os de segunda, sabendo nós que não é líquido que sejam melhores professores que os avaliandos. Há ainda a questão de um professor de uma área científica avaliar outro de outra área científica - o Tomás gostaria de ser avaliado por um trapezista no seu emprego? Depois há os parâmetros de avaliação em si que são tudo menos objectivos. Para pegar no exemplo das notas dos alunos. É óbvio que um bom professor tem alunos com sucesso, mas como é que se compara esse sucesso de professor para professor? Repare que os critérios de avaliação dos alunos são diferentes de escola para escola e, muitas vezes, de professor para professor, e a inexistência de exames nacionais a todas as disciplinas e a todos os anos impossibilita a existência de uma bitola segura, que não seja a "média nacional". Só para acrescentar, acha que o professor de uma localidade com muitos problemas sociais vai ter uma tarefa semelhante à de um professor situado num lugar sem problemas de maior?
Agora, quanto ao ordenado e ao "sair cedo" (que suponho querer dizer sair cedo do local de trabalho), não posso concordar. Um professor, ou seja, um indíviduo com curso superior, começa a carreira sem atingir os mil euros. Isto quase não se vê noutra profissões. Quando um engenheiro inicia a carreira, a ordem impõe o ordenado, por exemplo. Por outro lado, acho que os ordenados astronómicos a que um professor "antigo" chega são absurdos, até pelo facto de terem redução de horário. A redução de horário é outra coisa que contesto, é a única "classe" (se se lhes pode chamar classe) em que isto acontece. Quanto ao "sair cedo", só quem não conhece é que o pode afirmar. É certo que o horário lectivo semanal é de 22 horas, mas as aulas de substituição, as reuniões, os testes e a preparação das aulas, tudo junto, é tudo menos "sair cedo".
Para além disso, caro Tomás, é sempre possível marcarmos a nossa posição sem tratar com o desprezo com que tratou todo um grupo profissional constituído por cento e cinquenta mil pessoas. Mas, pronto, isto da liberdade de expressão às vezes não é muito bem compreendido.

26
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 09:14link do post | comentar
É impressionante como os anos passam e as coisas continuam. Somos um país de picos nervosos.
Lembramo-nos dos pobrezinhos sempre na mesma altura: no Natal. E no Natal tratamos de ter pena, rezar um terço, dar qualquer coisa a qualquer instituição e ver com um sorriso os pobrezinhos todos contentes por terem a ceia de Natal, um sorriso de dever cumprido: eles têm uma refeição. Dia vinte e seis esquecemos tudo. Os pobrezinhos deixam de existir e se não deixarem de existir fingimo-lo, que dar uma refeição no Natal já é ajuda mais que suficiente, isto 'tá mau.
E lembramo-nos da sinistralidade nas épocas festivas. Felizmente este Natal só houve dois mortos. Há vezes piores. Lembra-me de um Natal em mil nove e setenta e oito em que houve para cima de uma pipa deles. Depois voltamo-nos a esquecer das pistas de street racing que se foram construíndo à conta do dinheiro europeu.
E há a Educação. Quando um vídeo aparece no youtube com "brincadeiras" com pistolas a fingir e telemóveis a sério, ficamos chocados! Violência nas escolas! Eu que nunca me tinha apercebido de nada! E ficamos revoltados e culpamos a professora, e o conselho executivo, e a DREN, e os pais, e o Obama safa-se, porque gostamos muito dele.
O Obama é outro. Um furor do catano durante as eleições e desde então nunca mais vi assim uma capinha dedicada ao senhor, uma abertura de telejornal a chamar a atenção para o peido sonoro que sua excelência havia acabado de dar.
E é assim que vivemos. Com tantos picos nervosos ainda acabamos por ir parar às estatísticas (ai as estatísticas! essas davam três postas iguais a esta com tanto nervo que provocam!) do país com mais problemas cardíacos.

25
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 09:37link do post | comentar
Adeus, até ao meu regresso, no Jumento

«Umas das recordações da quadra natalícia que me ficaram da infância foram as horas intermináveis da RTP transmitindo as mensagens de Natal ds soldados portugueses que combatiam em África. Era curtas, cada soldado dizia o nome e o posto, desejava um bom Natal aos familiares e terminava invariavelmente com um “adeus e até ao meu regresso”.
Não sei o que me prendia ao televisor mas a inexistência de alternativas `RTP, a não ser a TVE, levou a que pelos meus olhos tivessem passado muitoss milhares de soldados portugueses, o “adeus, até ao meu regresso” ficou-me gravado para sempre na memória.
Recordo este facto para lembrar que muitos deles não regressaram, foram mandados para uma guerra pelo Estado português, morreram e por lá ficaram abandonados, alguns em cemitérios, muito nem isso, esquecidos por todos menos pelos seus familiares, muitos dos quais os terão visto pela última vez nestes programas da RTP. (...)»


24
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 16:21link do post | comentar
Cresci a ouvir que o Natal era a festa da Família (assim mesmo, com letra grande, sinal de suma importância). Segundo me diziam, e eu acreditava, no Natal a família está junta como em nenhum outro dia, a celebrar o nascimento de alguém que veio para nos salvar. À noite havia a ceia de Natal, durante o ano não havia nenhuma igual: doces, muitos doces, perú, bacalhau, polvo, hortaliças e um bom vinho, para se tirar a barriga de misérias. Aléluia que nasceu o menino! E nesse dia ofereciam-se lembranças aos mais chegados para que os mais chegados soubessem que nos lembrávamos. E nesse dia era-se feliz.
Mas agora olho à volta e vejo-me obrigado a chamar de mentirosos aos meus educadores.
Como de costume deixei as lembranças para a última. Não foi por mal. É que ofereço mesmo aos mais chegados e não gosto de encher a casa alheia de Ferrèro Rocher e Mon Cherri comprados à pressa num dia de avio. Gosto de escolher bem e de me certificar que as pessoas vão gostar daquilo que lhes ofereço. E não precisa de ser nada de muito caro. Como diz o Miguel Somsen, quando mais cara é a prenda, menos nos preocupamos com a sua beleza. Mas continuando. Deixei as prendas para a última e dei um salto ao Centro Comercial para as ir comprar. Como já sabia o que queria, demorei uma escassa hora. Mas o pior é que nessa curta (tão longa!) hora eu mal me consegui mexer. Era a Fnac atulhada de gente ensacada. Era o MacDonald's a servir refeições de Natal a uma Geração Rasca que não dá valor à tradição. Eram pessoas a andar de um lado para o outro num frenesim danado porque estava quase e ainda não estava nada feito. Era a Bertrand com uma fila enorme. E a fila para embrulhar à porta da já referida Fnac? Nem vos conto! E eram os autocarros a descarregar mais e mais crianças, adultos e velhos, gente de todas as idades. E eram escadas rolantes cheias para descer e vazias para subir. E era o caos.
E eu ali, sozinho, a comprar as minhas humildes lembranças, só pensava "tirem-me daqui".

23
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 13:12link do post | comentar | ver comentários (3)
É complicado, mesmo muito complicado, nomear um número reduzido de blogues como os "marcantes" ao longo do ano. Vou-me esforçar por referir aqueles que foram uma referência para mim neste meu primeiro ano de bloguista (ou blogueiro, ou para quem não tem problemas com estrangeirismos, nomeadamente, anglicismos: blogger). É incontornável falar d' O Insurgente, os autores fazem-me lembrar constantemente alguém a nadar contra a corrente e que insiste em nadar contra a corrente por saber estar certo. E tem uma particularidade: os insurgentes sabem do que falam, têm realmente formação em economia, ao contrário dos ilustres leigos que por aí proliferam. Tenho também de mencionar A Educação do meu Umbigo, que foi para mim o blogue do ano. Quem diria que o Paulo Guinote com um simpático blogue sobre Educação iria ter toda a importância que tem, tornando-se convidado do Público e uma referência sempre que se fala sobre política educativa. Há também o Atlântico, o SeteVidas e o Portugal Contemporâneo que têm diariamente as minhas visitas e sem os quais me sinto um infoexcluído. Há também o Corta-fitas, do qual não devo falar por lá escrever, mas ainda assim refiro como o que é para mim o melhor blogue sobre Política e Sociedade da blogosfera nacional (não foi por acaso que aceitei ir para lá). E não podia terminar esta distribuição de mimos e elogios sem falar dos blogues amigos, sim, aqueles cujos autores me visitam amiúde e que fizeram este meu O Afilhado perdurar: ao Ponta e Mola, do Al Kantara, ao Câmara dos Lordes, da Daniela Major, ao Se o meu apartamento falasse..., da Maria Manuela e, apesar de já os ter referido, ao Corta-fitas e ao SeteVidas, o meu muito obrigado. Como não gosto de deixar tudo para a última da hora, deixo desde já a todos os meus leitores e não leitores e a todos os bloggers com que concordo ou discordo os meus votos de um óptimo Natal e um belíssimo 2009.

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 09:22link do post | comentar
O João Pinto e Castro cita no Jugular aquele que é, para si, o melhor gestor português que conheceu - António Amaro de Matos. O gestor diz então que

"Talvez, por exemplo, impor que, no final do primeiro e segundo trimestre do próximo ano, o crédito a pequenas e médias empresas atinja, para cada banco, respectivamente, 20 por cento e 40 por cento acima do que figura nos balanços de Dezembro deste ano. Mantendo-se daí em diante. E que, não cumprindo, os bancos tivessem de depositar no BP o montante em falta para atingir aquele objectivo. Remunerado à taxa zero por cento. Podendo ser repassado a outros que o quisessem aplicar em PME."

Esta visão absurda do papel do estado na economia ainda me consegue surpreender. Eu perguntei ao João Pinto e Castro num comentário que por acaso não apareceu, se calhar algum problema técnico, se ele admitiria que o governo viesse um dia bater à sua porta para lhe deixar uma lista (como acontece em Cuba, já agora) com as orientações para o gasto do seu rendimento. Dizer-lhe quanto gastar e onde gastar. Pessoalmente eu não aceitaria isso, mas quanto ao João Pinto e Castro não sei. Isto aplica-se muito facilmente às empresas privadas: as empresas são privadas e geridas por privados, pessoas alheias ao governo, e isso à partida deveria significar a total autonomia, dentro do quadro legal, para gerir os caminhos da organização. Um banqueiro deve poder decidir se o seu banco empresta ou não dinheiro num determinado momento, porque se nem isso pode decidir, convenhamos, mais vale nacionalizar à partida todas as empresas e os governos que tanto sabem de Economia tratam do assunto. Já cá tivemos disso, diz que resultou muito bem.

Adenda: o "problema técnico" está resolvido, o meu comentário já aparece.

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 09:10link do post | comentar
O braço de ferro sobre o Estatuto Político-Administrativo dos Açores parecia estar terminado. Depois de dois vetos políticos e três votações favoráveis na Assembleia da República, a Constituição determina que o Presidente da República é obrigado a promulgar a lei. O problema é que, segundo alguns constitucionalistas que, a propósito desta questão, analisaram a lei fundamental, caso o Presidente não queira promulgar, não advém daí qualquer sanção. Ou seja, a lei obriga a que se faça uma coisa, mas não prevê o que fazer caso essa coisa não seja feita. Fico à espera de ver o que irá Cavaco Silva fazer agora: respeitar a lei a bem da Constituição ou desrespeitar a lei a bem da Constituição.

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 09:00link do post | comentar
«O Papa disse ontem que a homossexualidade e a transexualidade são uma "destruição da obra de Deus". Bento XVI apelou a uma "ecologia do homem", que garanta o respeito da distinção entre homens e mulheres tal como aquela é interpretada pela Igreja a partir da linguagem da criação.» (Diário de Notícias)
Depois de anos a fio com um papa, que não sendo propriamente liberal, era minimamente tolerante, é-me estranho ouvir do mesmo palácio que a homossexualidade e a transexualidade são destruições da obra de Deus. Eu sei que isto é mais uma luta ali dos Jugulares, mas creio que não se importarão que também eu expresse o que penso em relação a esta idiotice.
É que as coisas são simples senhor Ratzinguer, e isto para falar na sua língua, não somos todos filhos de Deus? Se somos todos filhos de Deus, também os gays o são. E tendo sido gerados por Deus, como é que podem ser uma destruição da sua obra? Incoerências, incoerências.
A regilião católica está a seguir o exemplo de tantas outras ao extremar as suas posições. Pena daqueles que ainda têm na fé algum amparo e que vêem esse amparo desaparecer em declarações estúpidas como esta.

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 08:55link do post | comentar
«O livro Así es Fidel (Assim é Fidel) com anedotas e episódios de Fidel Castro contados por personalidades mundiais foi lançado na segunda-feira em Havana»

Sol


22
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 15:16link do post | comentar
Cabe a um bom bloguista (será provavelmente a melhor forma de "aportuguesar" blogger) recomendar, assim a dois dias da véspera de Natal, umas coisinhas para oferecer. Não quero eu que fique um único afilhado desprezado pelos seus padrinhos, por isso:

(aviso desde já que alguns não são propriamente novidade, mas ainda assim recomendo-os)

Isto em relação aos livros. Quanto a álbuns, recomendo o "Canção ao Lado" da Deolinda, "Tributo a Carlos Paião" de vários autores (a Vinho do Porto cantada pelos Donna Maria está fantástica) e o "Todos Cantam Zeca Afonso" de vários autores novamente.
Finalmente, recomendo vivamente a compra do DVD da primeira série dos Contemporâneos.

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 13:07link do post | comentar
«A câmara alta do parlamento russo aprovou hoje por unanimidade a emenda à Constituição que prevê uma extensão do mandato presidencial de quatro para seis anos. Todos os 142 senadores presentes votaram a favor de uma presidência mais longa, naquele que foi o último passo legislativo do processo de aprovação.»

Público

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:37link do post | comentar
Vi o programa dele duas ou três vezes, durante meio segundo no decorrer da prática do meu desporto favorito: o zapping. Não prestei atenção. Pensei que fosse mais um bocadinho de lixo televisivo que o filtro que é a Sic Radical tantas vezes passa.
Nem nunca mais me lembrei daquilo.
Há uns dias, li o escrito de João Bonifácio sobre ele. Dizia que o amava. Dizia que o personagem era a "personificação" (entre aspas por ser um cão e por não existir a "canificação") de Portugal. Achei graça. Depois li o texto das Miss Woody e Miss Allen sobre ele. Decidi prestar atenção. E adorei.
O Bruno Aleixo é, e não estou a exagerar, um verdadeiro Génio. E é-o não por me fazer rir à gargalhada, que não faz, é-o por ser inovador. Quem é que se lembra de criar um programa, com um genérico que parece o de um programa da RTP Memória, no qual um cão sentado numa poltrona de idoso conversa com um busto de Napoleão (ou outro qualquer finado ilustre com um chapelinho bem catita), chamado Busto. Mais. A conversa é simples nonsense: o cão fala de tudo, conseguindo não dizer nada. É, e aqui o João Bonifácio tem razão, um daqueles "tipos que são iguais à avó", "que apenas abre a boca para rezingar, mandar vir, reclamar e mostrar, por argumentos insondavelmente insanos, que todos os outros são idiotas". É isto o Bruno Aleixo.
E agora vejo a minha vida a andar para trás. São as dezenas de blogues que leio diariamente (maldita qualidade lusa!), são as dezenas de episódios dos Contemporâneos que tenho de ver no site da RTP, porque nunca acerto nem no dia nem na hora, é o trabalho (que para este rosário não é chamado, mas fica sempre bem pô-lo cá), e agora o maldito do programa que tenho de ver dê por onde der. Malditos génios com as suas genialidades!

publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 00:02link do post | comentar
O Regabofe entrou também para a barra da direita. Em poucas palavras: bonito, bem escrito, inteligente, excelente!

21
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 12:28link do post | comentar | ver comentários (3)
Este texto não tem título pelo simples facto de não ter conseguido encontrar nenhum que se adequasse.
Eu ainda não tinha ouvido falar disto, mas há dois meses, no Egipto, um professor espancou uma criança de 11 anos que acabou por morrer no hospital. A notícia diz que foi por a criança não ter feito os trabalhos de casa, mas isso pouco importa. Um professor espancou uma criança até à morte. E quando um professor espancou uma criança até à morte, o que leio é que a culpa é das turmas de cem alunos que o Egipto tem, é do mau sistema educativo que o Egipto tem, é por o professor ter 23 anos e não ser admissível que no Egipto professores tão jovens dêem aulas. Tudo o que leio é politiquice da mais absurda quando um professor espancou uma criança até à morte. Muito francamente escrevi este texto apenas para dar conta a quem me lê e não tenha ouvido falar do assunto ainda e para mostrar o quão preplexo ainda estou. Um professor espancou uma criança até à morte!

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