A máfia da blogosfera
06
Out 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 21:14link do post
O Rodrigo Moita de Deus, do 31 da Armada, escreveu para um blogue do PSD um texto sobre educação. Neste texto, de uma forma muito resumida, RMD culpa os professores pelo mau ensino praticado em Portugal. Existem algumas coisas em que tem razão, mas peca por exagerar.
É verdade que durante muitos anos em Portugal, principalmente nos primórdios da Educação Universal, se viveu um período de extrema carência de professores que permitia que pessoas com o ensino secundário pudessem dar aulas. Essas pessoas que entraram para "tapar buracos" por lá ficaram e hoje em dia, muitos dos professores mais "antigos" são dessa geração, da geração em que se era professor por ser, por oportunidade, por ocasião. Desse grupo de professores cuja idade lhes permite ver a reforma num horizonte próximo muitos há que foram para o ensino por, pura e simplesmente, ser uma profissão com emprego garantido, não por vocação propriamente dita. Mas também é verdade que tudo isso mudou. Hoje em dia já não existe o culto do "Sr. Professor", o que faz com que já ninguém vá para docente em busca de prestígio e reconhecimento. Por outro lado, a oferta é tanta que o mais provável é ir parar ao desemprego, o que afasta muitos potenciais candidatos. Ou seja, neste momento só estuda para professor quem efectivamente quer ser professor. Mas isto é apenas um ponto da vasta argumentação de RMD.
Bons e maus profissionais há em todas as profissões, é um facto inquestionável e nem vale muito a pena debruçarmo-nos sobre este tópico. O que é importante é não fazer o que muitos fazem e pegar numa parte para avaliar o todo.
RMD fala também na questão de os professores competirem com as playstations. Não vou ser atado, perdoem-me a expressão, ao ponto de levar a coisa à letra. É óbvio que foi escrito em tom de graçola de oportunidade, no entanto, há que dizer que se os alunos dão mais importância à playstation que aos professores isso acontece por dois motivos: desinteresse dos alunos e desinteresse dos pais, nunca por falta de atractividade por parte do professor.
Por fim RMD toca num ponto importante: o das manifestações (ou manifs, diz que é moderno dizer assim) e da reinvidicação de direitos por parte da "corporação" dos professores. O autor que se auto-apelida de "Escritor" escreve:

"Porque estão mais preocupados com os seus “direitos adquiridos” que com os miúdos que deviam estar a ensinar. Sim. No meio de todas estas guerras e guerrinhas os alunos e o seu direito a um ensino de qualidade é a última das preocupações.

Penso que isto é um argumento vazio: os professores não são mártires, podem adorar ensinar, mas não têm de abdicar dos direitos que têm (apesar de, pessoalmente, achar alguns absurdos) por causa dos meninos. Têm, como todo o cidadão, o direito a zelar pelos seus interesses.
Apesar de todos estes pontos, concordo numa coisa com RMD, tem de se analisar as questões de fundo e essas são as relativas à educação vinda de casa e à forma como é encarada a Escola em Portugal por parte da maior parte das famílias: um atelier de tempos livres para os adolescentes cheios de hormonas saltitantes. Quando se perceber que esta é a verdadeira base do problema, aí sim, será produtivo dissertar à grande em blogues de nomes pomposos. Até lá, não.

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