Acrescente-se uma coisa a este texto. É curioso como o João Galamba diz que «a direita tende a concordar com Hobbes, que tem uma visão sombria e pessimista da existência humana e que desvaloriza a dimensão criativa do debate democrático.» É curioso porque coloca a «Direita» como uma fiel devota de Hobbes e não coloca a «Esquerda» como uma fiel devota de Rousseau ou Marx. Isso deve ser porque a «Esquerda» evoluiu e até se tornou democrática!, enquanto a «Direita» ficou como era há duzentos anos atrás, igualzinha. Mas, João, temo que a avaliação pessimista do ser humano esteja mais presente na «Esquerda» (aqui falo dos socialistas, claro) do que na «Direita» (onde se costumam colocar conservadores e liberais). É que a primeira vê-se obrigada a impor ao homem que faça bem a si próprio (até o proíbe de comer pão com sal, que faz mal), enquanto a segunda deixa o homem viver como quer, atribuindo-lhe um grau de liberdade e independência que a «Esquerda» não tolera. Estaremos confusos?
(editei este texto, porque estava factualmente enganado na primeira edição. Hobbes não esteve na génese da Esquerda quando se criou o conceito. obrigado ao Miguel Madeira)