A máfia da blogosfera
20
Jun 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:46link do post | comentar

 

 

Bloco de Esquerda: O Programa Eleitoral (3)

 

Continua a série de posts sobre o programa eleitoral do Bloco de Esquerda. Olhemos para a terceira das dez medidas que o Bloco quer implementar em cem dias, caso seja eleito.

 

3ª medida

Controlo público da política de crédito. O banco público deve dirigir o crédito, impondo os padrões de actividade bancária que permitam juros não especulativos e o apoio à actividade económica. O que é de todos deve ser para todos.

 

Aqui está aquela que me parece ser a medida. Não é de carácter conjuntural, já havia sido defendida por Francisco Louçã na VI Convenção do Bloco. Resumindo, o Bloco quer ter a banca dirigida centralmente. A Caixa, ao baixar os spreads e restantes custos de forma artificial, irá obrigar os concorrentes a baixar também. A baixa dos concorrentes pode assumir várias formas, entre as quais cortes salariais. Isso não interessará, certamente.

Ora, vamos pensar no problema desta medida do ponto de vista económico. Como em qualquer outra situação, o preço do dinheiro é definido no mercado, não existe nenhum valor justo do dinheiro. Como tal, é absurdo, principalmente para um partido dirigido por economistas, falar em preços não especulativos. Todos os preços são especulativos, todos, mesmo os preços fixados - como é que o Estado fixa os preços?

A questão é que, ao baixar de forma drástica o custo do crédito, o Bloco vai criar algo em Portugal semelhante ao que aconteceu nos EUA. Não vou explicar pormenores, vede este e este vídeos que, sendo pequeníssimos, explicam tudo. Sucintamente, o Bloco ao apresentar esta proposta está, involuntariamente, a propor que deixe de haver responsabilidade na atribuição de crédito. Isto levará a que o sistema financeiro português, que, verdade se diga, é dos mais prudentes e, por isso, dos mais robustos, fique numa situação semelhante ao do dos EUA pré-crise. Uma obrigação de «apoiar» a actividade económica vai levar a que o crédito malparado aumente, o que taz problemas seríssimos.

Para além das consequências práticas devastadoras, esta medida é mais um exemplo, presente nas duas anteriores, da origem do Bloco. O partido da esquerda-caviar, como alguns lhe chamam, tem por detrás das suas propostas o espectro, aquele espectro, que se foi manifestando na Europa dos séculos XIX e XX e que teve as consequências que todos conhecemos.


Tiago,

Mais uma vez, serviço público. É preciso que se consiga tirar ao BE as enganadoras peles de manso cordeiro (ou ovelha negra, como gostavam de ser vistos). E isto ajuda.

Uma observação: há um problema muito maior do que o incitamento à irresponsabilidade financeira que essa medida faria surgir (dando como adquirido - que não dou - que haveria espaço à iniciativa financeira no mundo wishy-washy da esquerda do caviar).

O que eles querem mesmo é dirigir a economia: dizer: emprestem dinheiro aos produtores de sabonetes ou de fósforos ou de velas ou de tecidos ou aos camionistas ou do rai'q'parta. Se a instabilidade pela irresponsabilidade é má, isto é infinitamente pior. Daí aos planos quinquenais vai um pequeno passo.

Espero pelo próximo nº!
João Paulo Magalhães a 20 de Junho de 2009 às 17:24

Eles não deixam isso explícito, mas não me parece que seja algo de absurdo para se pensar quando falamos do Bloco. O próximo sai amanhã... é um por dia.

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