A máfia da blogosfera
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Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:12link do post | comentar

A Educação é, sem dúvida, um dos pilares essenciais numa sociedade. A nossa, em particular, dá-lhe tanta atenção que a nacionalizou, criando-se um monopólio do Estado que, como todos os outros monopólios, deu mau resultado. As decisões centralizadas, os programas iguais para todos, os exames nacionais, tudo isso e muito mais acabou por tornar a Escola Pública um fiasco. Mas, e tenho de o admitir, a culpa não é só do facto de ser pública, mas também do facto de a gestão pública ter sido muito má. Olhemos para as universidades portuguesas, também elas públicas, pelo menos as mais importantes. As universidades públicas em Portugal são, regra geral, muito melhores e muito mais creditadas que as privadas. Então, onde reside a diferença?

Autonomia é a palavra. As universidades portuguesas, ao contrário das escolas, têm liberdade na criação de currícula, na realização dos exames e, muito mais importante que tudo isto, há liberdade por parte dos estudantes para escolher a sua universidade. Com as escolas, nada disto acontece: o Estado determina os programas, escolhe os professores, realiza os exames e impõe a escola que cada um deve frequentar. Isto, obviamente, deu mau resultado pelo simples facto que não há concorrência e os erros sucederam-se. Por isto, e já que esta reforma deu tão mau resultado, julgo que algumas mudanças iriam melhorar substancialmente o ensino em Portugal: deixar ao critério das escolas a contratação de docentes, deixar ao critério das escolas a criação dos programas, deixar ao critério das escolas a realização dos exames e, por fim, permitir aos jovens escolher a escola para onde querem ir. Ao contrário do que se possa pensar, isto levaria a um aumento da exigência, tal como acontece no ensino superior, pois uma escola mais exigente é uma escola com mais crédito na sociedade e, consequentemente, mais procurada pelas famílias. Só através de uma verdadeira autonomia e descentralização da decisão se poderá ter uma Escola Pública melhor. Até se perceber isso, permaneceremos assim.


Sim Tiago. Concordo contigo. Mas a minha questão é outra: a verdade é que escola infelizmente ou felizmente, assume um papel que hoje em dia não lhe compete. Com uma grande componente humana que tenta transmitir "ensinamentos" que se tentam relacionar com os programas dados. Por vezes isso não é bom. Mas por outras é, e eu já passei várias vezes por essa experiência. E ajudou-me a mim, e aos meus colegas bastante. O que interessa é também que com essa autonomia não se perca isso.

Essa autonomia apenas levará a que haja escolas melhores e piores nisso e que as famílias possam escolher também com base nisso.

Ainda na última quarta fui à Gulbenkian contestar esta nova ideia de que a escola, e como tu muito bem dizes isso não lhe compete, deve transmitir valores. Fui defender que isso cabe à famílias. Tenho é tido preguiça de publicar isso aqui...

Tiago é evidente que a escola não tem que fazer essas coisas. Mas já não é a primeira vez que a escola tem que fazer um papel que não lhe compete, como esta história dos preservativos. As famílias por vezes não são capazes de transmitir o que quer que seja e a escola tem que ser um substituto. É errado? É. Devia ser de outra maneira? Devia. Mas é a sociedade que temos. Porque razão é que por vezes os professores são pais, mães, irmãos, amigos? Por necessidade. Porque os alunos não tem ninguém em casa que lhes faça isso.
Recomendo-te por causa deste assunto, o livro Teacher man do Frank Mc.Court

(Hoje estou a comentar muito aqui. Até já recomendo livros e tudo!!! :D)

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