A Educação é, sem dúvida, um dos pilares essenciais numa sociedade. A nossa, em particular, dá-lhe tanta atenção que a nacionalizou, criando-se um monopólio do Estado que, como todos os outros monopólios, deu mau resultado. As decisões centralizadas, os programas iguais para todos, os exames nacionais, tudo isso e muito mais acabou por tornar a Escola Pública um fiasco. Mas, e tenho de o admitir, a culpa não é só do facto de ser pública, mas também do facto de a gestão pública ter sido muito má. Olhemos para as universidades portuguesas, também elas públicas, pelo menos as mais importantes. As universidades públicas em Portugal são, regra geral, muito melhores e muito mais creditadas que as privadas. Então, onde reside a diferença?
Autonomia é a palavra. As universidades portuguesas, ao contrário das escolas, têm liberdade na criação de currícula, na realização dos exames e, muito mais importante que tudo isto, há liberdade por parte dos estudantes para escolher a sua universidade. Com as escolas, nada disto acontece: o Estado determina os programas, escolhe os professores, realiza os exames e impõe a escola que cada um deve frequentar. Isto, obviamente, deu mau resultado pelo simples facto que não há concorrência e os erros sucederam-se. Por isto, e já que esta reforma deu tão mau resultado, julgo que algumas mudanças iriam melhorar substancialmente o ensino em Portugal: deixar ao critério das escolas a contratação de docentes, deixar ao critério das escolas a criação dos programas, deixar ao critério das escolas a realização dos exames e, por fim, permitir aos jovens escolher a escola para onde querem ir. Ao contrário do que se possa pensar, isto levaria a um aumento da exigência, tal como acontece no ensino superior, pois uma escola mais exigente é uma escola com mais crédito na sociedade e, consequentemente, mais procurada pelas famílias. Só através de uma verdadeira autonomia e descentralização da decisão se poderá ter uma Escola Pública melhor. Até se perceber isso, permaneceremos assim.