Que os sindicatos em Portugal não funcionam, todos sabemos e esta manifestação de hoje, por mais paradoxal que possa parecer, é prova disso.
Não cabe a um bom sidicato fazer política, não é esse o seu objectivo. Não cabe a um sindicato "lutar" contra a privatização de serviços ou contra qualquer outro tipo de política. Já existem organizações a fazê-lo, chamam-se "partidos". O objectivo de um bom sindicato, como há em bastantes outros países, deveria ser o de funcionar como "advogado" num processo de contratação: um trabalhador tinha um sindicalista a quem pagava 1% do ordenado e esse sindicalista, qual consultor, ajudava o trabalhador a obter o melhor trabalho e as melhores condições (até porque o ganho do profissional seria o seu ganho). Isto, obviamente, seria personalizado: nem todos os trabalhadores são iguais, como tal, não podem ser encaminhados para os mesmos trabalhos nem têm a mesma capacidade negocial. No entanto, os sindicatos portugueses insistem na massificação: vivam os contratos colectivos (e os despedimentos colectivos, já agora), vivam os aumentos generalizados quer a produtividade seja alta ou seja baixa, pois de cada um conforme as suas possibilidades e a cada um conforme as suas necessidades. E a podridão continua, os pobres continuam pobres e o Carvalho da Silva continua na televisão. Viva.